A boca maldita

O mundo de tom

A boca maldita
O sol se deita lentamente e no horizonte se esconde
De um jeito diferente de ontem e anteontem
E a lua cai, prossegue, parece infinita
Cruzeiro do sul, cadente e três Marias

De aparência romântica, solitário e triste
Sigo em frente meu caminho sempre forte sem crise
Pela estrada de desilusão, cheia de incerteza
Estrada escura no silêncio, coberta de folhas secas

Amo a noite, ela me deixa inquieto
Ela é a dama de negro, carregando seus mistérios
Minhas desilusões, meus sonhos, meus medos
Meu delírio inconseqüente, aí Jão, sou desse jeito

Nos meus rolês noturnos, contando com a sorte
Observando tudo, enquanto todos dormem
Eu vejo a vida como ela é, nua e crua
vida sem maquiagem como eu, vida pura

Treinado e preparado, tipo gladiador
Estamos juntos? Não sei não, depende de quem for
Porque tapinha nas costas, sorriso e tudo aquilo
São as armas poderosas do inimigo invisível

Que na surdina fica só crescendo o zóio
Criticando meus passos, me enchendo de ódio
E diz que eu sou cachaceiro, um herege maloqueiro
E que pro mundo do rap sou um péssimo exemplo

Truta, a vida não é fácil de entender
O que é bom pra mim, talvez não seja pra você
Exemplo? Eu nunca fui e não vou ser
Sou verdadeiro demais, exemplo que seja você

Eu sou o bem, sou o mal, sou a besta, o anjo
Sempre puro e verdadeiro, igual criança chorando
Um guerrilheiro sonhador, que não deixa pista
Um livre pensador, buscador, vivo a vida

POIS ENTRE A LUA E O SOL, A ME ILUMINAR
ENTRE COPOS DE CERVEJA, PRAS IDÉIAS CLAREAR
ENTRE MULHERES JÁ COMIDAS, QUERENDO ME DAR
ENTRE A CRUZ E A ESPADA, QUERENDO ME TESTAR
A VIDA SEGUE, SEGUE, FEIA OU BELA
E EU CONTRA A MARÉ, FAZENDO PÁRTE DELA
A VIDA SEGUE, SEGUE, FEIA OU BELA
E EU CONTRA A MARÉ, FAZENDO PÁRTE DELA

Poder, ganância, crucificações, é o sistema
Que domina a sua mente, o monstro de cem cabeças
Ele te cega, te ilude, te hipnotiza
Te coloca pra dormir, depois rouba a sua vida

Quantas vezes pensando, procuro entender
Me faço várias perguntas e não consigo responder
Estou confuso comigo, com todos, com tudo
Atacado com a podridão que existe nesse mundo

Mundo que me espera com o seu jardim
Onde os ventos sopram com o cheiro de jasmim
Pois é vagabundo, o mundo é belo
O que estraga é o homem, junto com seus castelos

Peguei um arco íris e dele fiz minha ponte
De alguns homens me aproximei e passei adiante
Tapei o meu nariz e passei por suas verdades
Pelo o seu ódio, egoísmo e sua vaidade

Voei para o futuro como ave de rapina
Dominei meus monstros, decifrei enigmas
Mergulhei em abismos, em busca de verdades
Verdades que existem entre eu e a humanidade

Foi quando eu quis parar de lavar meu sujo olhar
Pois ali eu decidi que nunca mais iria chorar
Quebrei as regras escritas em velhas tábuas
Vi seus castelos caírem enquanto o vento soprava

Eu sou a boca maldita que não convém aos seus ouvidos
Troco o certo e o incerto, pelo que nunca foi dito
Minha cabeça, fonte do mais belo vinho
Vive cercada e rodeada por cálices vazios

Quero o desconhecido, quero além do infinito
Não sigo suas pegadas, crio eu novos caminhos
Traço o meu destino e só pra mim ele é bom
Abstrato e diferente eis o mundo de Tom

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