Vida na guanabara
Açúcar mascavoOnde quem chora chora em paz
E de riacho um canal se faz
Mata a sede a sabiá
Numa poça suja que atrai uma criança sem pai
O Sol laranja se acanha e cai
E o marrom claro que pinta a água do mar
Vira clarão e passa a espelhar
Os braços cujos abraços vêm acalentar
Yemanjá, Yemanjá
Yemanjá, Yemanjá
Já te chamei mas não tenho vela pra acender
Nem vinho pra dar nem vender
A minha oferenda é te dar alguém
Que possa ver tanta cor sob o véu do mar
Que já escuro tratou de ofuscar
Os olhos de quem só quer amar
Não eu não quero tulipa branca
Não quero barco nem festa nem planta
Eu não quero festejar e ver outro ano passar
Já cansei dessa festa branda
E do encanto da voz de quem canta
Já cansei de ser orixá e de ajudar quem não dá
O seu redentor, um abraço aquela flor se desfez
Você que se esconde no mar, beata Yemanjá sem vez
A tarde sumiu no luar e o Sol teimou em não raiar
Yemanjá, Yemanjá
Yemanjá, Yemanjá
Yemanjá, Yemanjá
Yemanjá, Yemanjá