Porteira do destino

Sou abelha e o mel
Sou caboclo e o chapéu
Sou bicho e a vereda
Sou a brisa e a poeira
Sou sertão e solidão
Sou boiada e estradão
Sou o laço e o laçador
Sou a caça e o caçador

Sou a lua a meia noite
Sou minuano em seu açoite
Sou o negrinho pastoreio
Sou o saci aquele arteiro
Sou o riacho e a cachoeira
Sou a garça a pantaneira
Sou o peixe e o pescador
Sou a navalha e a dor

Sou o carro que é puxado
Sou o boi que é guiado
Sou o grito e o peão
Sou a cruz da ilusão
Sou à noite e o candeeiro
Sou a estrada de boiadeiro
Sou a espora traiçoeira
Sou a viola pagodeira

Sou o capataz e o fazendeiro
Sou burro manso e o ligeiro
Sou o ponteiro e o culatra
Sou firme nó que não desata
Sou o poeta e o cantador
Sou o adeus e quem voltou
Sou a porteira do destino
Que se abriu não mais fechou