O ronco da gaita
Adams cezar
Vez em quando chora mansa
Vez em quando dá risada
Sente cosca nas ilheiras
Se abrindo em gargalhada
Um floreio sai do oco, no zumbido da colmeia
E a canção se faz gaúcha no roncar da veia
Vez em quando dá risada
Sente cosca nas ilheiras
Se abrindo em gargalhada
Um floreio sai do oco, no zumbido da colmeia
E a canção se faz gaúcha no roncar da veia
No molejo que se fecha e se abre pelo fole
Vai a gaita serpenteando qual tatu do rabo mole
Tem um ronco de bugia parecendo estar no cio
Que sussurra pacholenta no cutuco do bugio
Traz na fala a gaita veia
Com verdades no relato
Ecoando noite adentro
Feito peleia de gato
Quando a gaita sai da caxa
Bota espuma na barranca
Faz até sapateador
Dançar chula de tamanca
E qual potra redomona
Sapateando na flexilha
Que assim ronca veiaqueando
Quando laço nas virilhas
Mas também é China mansa cariciada pelos dedos
E se entrega suspirando numa cama de pelegos
No rio grande aquerenciada
Fazedora de canção
Revelando em cada nota gauchesca fonação
No milagre dos acordes não embucha na traqueia
E assim vou fazendo pátria
Quando ronca a gaita véia
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