Olhos de paisagem
Adeildo vieiraOlhos doces na candura
Olhos de coragem prá flertar perigo
Olhos nos olhos do amigo
Um olhar sereno
Que no serenar da alma escura nasce a luz que vem de dentro da dor
Um olhar distante
Quando, num prá sempre, o olhar do tempo faz fechar os olhos de um
grande
amor
Ante os olhos do poeta
Toda janela é aberta
E toda fresta monta o olhar da luz
Vida no olhar do esteta
Vitral na arquitetura da amargura
Traço que seduz
Grato, caro amigo, pelo olhar errante
Por ti o farol deu-se a navegar
Barco na procela
E a estrela-guia é cadente, mas aponta sempre para o mar de dentro
Grato pelas horas
Por brincar com o ocaso e com a aurora
Teu brinquedo é a luz, o tempo e o lugar
Grato pelos dias
Por aguar amores de Maria
Portuária dor de se navegar
Grato pelos anos
Por falar dos meus mais doces planos
Barco de papel carregando o mar
Já que a vida se insinua
Faço o dever de rua dos teus versos
E eis que vivo em paz...
Nau de amores que flutua
Entre a eternidade e a saudade
E eu velando o cais
Ilumina o astrolábio que se perdeu