Dilema de um guri
Ademyr ricoFiquei notando um instante os zeladores de carro
Garotos pobres de rua que as vêzes nem tomam sopa
Pés descalsos, toda roupa entumecidos de barro
Alguns buscam benefício outros vivendo no vício
Tambem aceitam cigarro
Logo a frente uma mercedes estacionou lentamente
Uma casal todo imponente desceu com gesto grã-fino
Um senhor terceira idade bem trajado a toda prova
Do lado uma moça nova vejam só como é o destino
O magnata gritava com palavrões maltratava
Esculhambando os meninos
Xingava porque um deles queria cuidar da mercedes
Subindo pelas paredes com as ofensas foi fundo
Com certeza sua mãe nem sabe quem é seu pai
Porisso é que o filho sai, este bicho vagabundo
Casal bandido não pensa pois coloca sem licença
Essas tranqueiras no mundo
Chorando o menino disse me perdoe seu magnata
A dor que mais me maltrata não é a da fome doutor
É saber que neste mundo existe pessoa tão grossa
Que não decifra uma fossa de uma noite de amor
No meu país pelo meio infelizmente está cheio
De gente como o senhor
Minha mãe jovem bonita na flôr da sua mocidade
Veio tentar na cidade o que não tinha no mato
Se envolveu com um canalha perigoso marginal
Bandido profissional vejo sempre seu retrato
Ficou prenha do safado por ser um cara casado
Teve que esconder o fato
Esta mulher do seu lado elegante, jovem, bela
Sei que não vive com ela porem é o seu rabicho
Ela feriu minha mente mas não ficou cicatriz
Onde vivo sou feliz ninguem me chama de bicho
Hoje meu pai é um gari eu sou aquele guri
Que o senhor jogou no lixo
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