Domador ventena
Alberi silvaSou cantador e defendo esta profissão
Só tem a crina e o palanque de sinuelo
Se monta nu puro pêlo, sem basto e sem pelegão
Frouxo o buçal e a gueixa sai corcoveando
Chega ir orneando, credo em cruz, Virgem Maria
Finca-lhe a espora que inté' chega dá um estouro
E arranca lasca de couro da paleta e da viria
Finca-lhe a espora que inté' chega dá um estouro
E arranca lasca de couro da paleta e da viria
O domador, sendo bom, monta sozinho
Sem amadrinho num pelado de rodeio
Saindo salvo, deixa o resto que se perca
Se a égua se for pra cerca, derruba a cabo de reio
Levanta tonta e o peão monta de novo
Não tem retovo prum ginete macanudo
Cabo de mango serve de alfafa pra ela
Finca a espora nas costela' e atora com osso e tudo
Cabo de mango serve de alfafa pra ela
Finca a espora nas costela' e atora com osso e tudo
Um peão de estância é estropiado de serviço
Garra por vício de domar égua aporreada
Salta pro lombo e se manda campo fora
Só se ouve o tinir da espora no fundo de uma invernada
Dá-lhe um gritito: -Te ajeita, bagual crinudo!
Chibo beiçudo, desce ladeira e peral
Diz o peão véio': -Tu te mexe e eu me mexo
Hoje, eu te puxo do queixo, te quebro a cabeça a pau
Diz o peão véio': -Tu te mexe e eu me mexo
Hoje, eu te puxo do queixo, te quebro a cabeça a pau
Um aporreado veiaqueando' é coisa feia
Murcha as oreia' e não faz conta do bocal
Baixa a cabeça e esquece inté' da manada
E vai abrindo picada no meio do macegal
Dali um pouquito, o bagual vai se acalmando
Vai se entregando já cansado que dá pena
Esmorecido de tanta espora e mangaço
Mas reconheceu o braço de um domador ventena
Esmorecido de tanta espora e mangaço
Mas reconheceu o braço de um domador ventena