Eclipse em floripa
Almir monteiro quitesComo bela, santa e nobre
A Lua, que era de prata
Foi ficando cor de cobre
Pouco a pouco enrubescia
Foi ficando cor de mel
Pois não é que existia
Noite de lua-de-mel?
Lentamente e confiada
Fechou-se como um olhinho
E depois, encabulada
Foi se abrindo de mansinho
A cena se desenrola!
Quero pensar mas parece
Que o pensamento viola
A quietude que se tece
Esta noite me encanta
Seu enigma ressoa
Enfim, a beleza é tanta
Que meu pensamento voa
O voo me extrapola
O universo aperta o peito
Afaga, doma, consola
É um envoltório perfeito!
Das poeiras às estrelas
Tudo está vivo, dançando
Há luzes para entretê-las!
Fico pensando, cismando
A natureza é gentil
Desconcertante também
Ela pode ser sutil
Mas não engana ninguém
A todos a mesma sorte
Infinita ebulição
Tudo é vida, tudo é morte
Tudo é recriação
Como isto é fascinante!
Não há ciclo que complete
Um universo mutante
Onde nada se repete
Fico silente observando
E minha mente interpreta
É assim filosofando
Que me transformo em poeta
Tão lógico quanto álgebra
Sou poeira e mesmo assim
A Terra se fez de pálpebra
E a Lua piscou pra mim!