Caipira pra frente

Cheguei há poucos dias do sertão distante
Pra conhecer as coisas da cidade grande
Aqui o preconceito não é importante
O amor é mais livre e a gente se espande

Na primeira conversa com uma pequena
A vita não gostou e me chamou de quadrado
Cai fora, matuto, você me dá pena
Seu tipo não convence, seu papo é furado

Um amigo me disse: Você está por fora
E se pretende mesmo vencer por aqui
Cuide bem do cabelo e ponha sem demora
Uma camisa hippie e uma calça lee

Me endoidei de vez e fiz essa loucura
Que vai se transformar em uma nova fossa
Pendurei no pescoço minha ferradura
E para me dar sorte, trouxe da roça

Comprei uma caranga muito envenenada
Já não canto modinha nem cateretê
Adoro uma garota bem sofisticada
E o ritmo fervendo do Iê Iê Iê

Se um dia, porém, me apertar saudade
E me sentir cansado dessa confusão
Eu abandono tudo aqui na cidade
E volto calmamente pro meu sertão