Ciúme
Ana bacalhauMais que um perfume
Dou-te uma cena de ciúme
Faço prova aparatosa
Do meu amor por ti
De peito aberto
Cabeça ao lume
Mostro-te as minhas feridas de guerra
Gentileza que o peito descerra
Aceita o meu ciúme
À vista de todos
Por cortesia
Salta-me a tampa
Vou ao tecto
Como quem cede um afecto
Em plena luz do dia
Ciúme que não sai do peito
É espinho que corta a direito
E queima como sal
A ferida onde fermenta
Todo o mal
Podes soltar aos quatro ventos
Podes não contar a ninguém
Mas toma conta dos meus tormentos
Como um presente
De quem te quer bem
Guarda esta birra de menina
Aceita a minha gentileza
Guarda como uma certeza
De haver quem te queira assim
E se eu às vezes eu abuso do meu
É porque nunca acusas o toque
Por mais ciúme que eu te provoque
Nem sequer um pingo do teu
Ciúme que não sai do peito
É espinho que corta a direito
E queima como sal
A ferida onde fermenta
Todo o mal