Seção 32
Ana cristina
Nem todo fim tem começo
Nem tudo que é bom tem seu preço
Nem tudo que tenho mereço
Nem tudo que brota é do chão
Nem tudo que é bom tem seu preço
Nem tudo que tenho mereço
Nem tudo que brota é do chão
Nem todo rei tem seu trono
Nem todo cão tem seu dono
Nem tudo que dorme tem sono
Nem toda regra, exceção
Nem tudo que morre é de fome
Nem tudo que mata se come
Nem tudo que é dor me consome
Nem toda poesia, refrão
Nem toda obra se prima
Nem tudo que é pobre se rima
Nem tudo que é nobre se esgrima
Nem tudo que sobra é lixão
Nem todo carro tem freio
Nem toda partilha é ao meio
Nem toda festa é rodeio
Nem tudo que roda é pião
Nem tudo que fito é o que vejo
Nem tudo bonito eu almejo
Nem tudo que excita é desejo
Nem todo desejo é tesão
Nem tudo que ganho é o que valho
Nem tudo que jogo é baralho
Nem tudo que cansa é trabalho
Nem tudo que dança é baião
Nem todo deus, comunhão
Nem todo amor, ilusão
Nem toda crença é em vão
Nem todo pecado, perdão
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