Ninguém
Arnaldo luis mirandaIgual a quem pra mim um dia foi ninguém
Me lembro um dia jovem de não ver ninguém
Nem perto nem longe para aquém além
De onde estivessem os meus olhos sem
Ver nada que não fosse meu próprio focinho
Então um jovenzinho ignorava quem
Tivesse uns bons aninhos a mais que meus vinténs
Agora você passa e nem me vê passar
Eu choro e acho graça das voltas que a vida dá!
Mas olha que te espero bem ali na esquina
Do tempo que transforma em mulher menina
Quem sabe um dia belo, seus olhos fora do umbigo
Me veem menos velho e vêm a ter comigo
O encontro casual de duas almas gêmeas
E junto a gente geme a ter correr perigo
E geme a gente junto até pedir arrego
A vida por um fio, por um fio o medo
De pôr a pele em jogo no fogo dos segredos
Então eu vou dizer um dia à minha neta
Esquece a tabuada que separa em anos
A gente pela estrada dessa vida curta
E curta essa vida em todos os seus planos
Encurta essa vida em todos os seus danos
Estica essa vida em todos seus encantos
Menina, eu tô na esquina do tempo humano
Um fauno me anima ao prazer profano
Embora nessa sina possa haver engano
Embora nessa rima possa haver milano
Estranho ser agora, estranho
Estranho ser
Estranho ser agora um
Estranho ser
Estranho ser agora, estranho
Estranho ser ninguém!!!