Necessidade é a mãe

NECESSIDADE É A MÃE
Arthur de Faria
Você acha realmente que podemos ser amigos?
Você acha realmente que precisamos ser amigos?
Você acha mesmo que temos a sincera obrigação de ser amigos?

Você acha por acaso que entre nossos ouvidos e bocas
pode haver alguma coisa além de língua e saliva?
Você acha na verdade que temos alguma coisa - além do sexo - construída?

Você acha por acaso que entre nossas bocas há um nexo
que, só, negue a necessidade de, meu sexo em tua boca?
(Você acha a vida pouca?)

Você acha realmente que podemos ser amigos?
(Entre a morte dos amantes e a separação dos vivoc?)
Há alguma coisa de verdade em celebrar os tempos idos?
Ora, tenhamos respeito no sentido, havido e tido!

Que teremos entre nós?
Que teremos de ruídos?
(Ou você realmente acha que teremos silêncios de amigos?)

Você acha realmente que temos em comum algum gosto?
(Além do meu e do seu na boca do sexo oposto?)
Você não acha em verdade que o que de melhor sai de minha boca em direção ao seu ouvido
É antes a língua lúbrica que uma vontade e um não tido?
(você vê na amizade algum sentido?)