Mantenha a calma

Eram jovens felizes, se amavam muito
Se encontravam na praça e esqueciam do mundo
Eles se completavam como o arroz e o feijão
Quem olhava pro casal via a perfeição

E como era esperado no mês maio casaram
Que eles iam ser felizes todos acreditavam
No começo tudo é festa, o céu é estrelado
Meu amor eu te amo
Beijos e abraços

Alugaram um barraco na periferia
Um quarto com banheiro, sala e cozinha
Foram nas casas Bahia compraram televisão, geladeira
Fogão tudo a prestação

Viviam como uma família comum da favela
Se contentavam com o que tinha e gostava da quebra
Tinham sonhos como qualquer brasileiro tem
De ter casa, carro, filho, conforto, viver bem

Não deixe que a dor acabe com seu amor
Você pode sempre se acalmar
É só confiar em Deus que ele vai te ajudar
Que a tempestade vai passar

O tempo foi passando e ela engravidou
Teve festa, churrasco, amigos convidou
A alegria chegou, um filho tão esperado
Um menino lindo a paz do barraco.
Puseram o nome José em homenagem ao avô
Que com luta e honestidade o pai dele criou

No cartório a cena era comovente, com lágrimas nos olhos e o velho contente
E tudo ia muito bem os anos se passaram e temos que temos sempre que está pronto pro inesperado
Dificuldades chegaram, desemprego, cobranças, prestação atrasada e choro de criança
Aluguel, alimento, pressão psicológica.
Para aliviar vai pro bar e a cabeça roda

Êta criança que chora!
E ele desce a pancada
Sem noção da força, ação descontrolada
Ele bate a cabeça o sangue escorre no ouvido
Cai desmaiado na sala então está tudo perdido
Pronto socorro, agonia, um pai desesperado
O que eu fiz meu Deus
E os médicos ao lado

O menino ainda vivo olha nos seus olhos
Como quem pede perdão, que a dor acabe logo
E no último suspiro ele diz que te ama

Não deixe que a dor acabe com seu amor
Você pode sempre se acalmar
É só confiar em Deus que ele vai te ajudar
Que a tempestade vai passar