Na rua
Banda genteMas ninguém se enxerga
O farol apagado
Na esquina o assalto
Um salto pra morte
A morte na rua caminha à vontade
A vontade da gente é andar nas calçadas
Não tem calçada pra nós
Tenho que andar na rua
Trabalho à vontade o comércio fatura milhares
Os milhares caminham sempre com pés descalços
Parados deitam nas calçadas o governo passa
O progresso avança sobre os ombros mais fracos
Não tem trabalho pra nós
Em lugar nenhum
Tenho que andar na rua
Precisamos crer para poder ver
Que as estatísticas afetam pobres
Temos tragédia só na classe nobre
Que nobremente se mantém ausente
Enquanto vidas desfavorecidas
Buscam saídas em qualquer sinal
Despertaremos os candangos petrificados em brasília
Para marcharem com os artistas travestidos de ativistas
Que ignoram o fulano, que já matou o ciclano
Por não ter carro do ano, que cata xepa na feira
Só pra vestir cavalera, pra se sentir bem melhor
Ignorar o problema é aumentar o problema
Tenho que andar
Tenho que trabalhar na rua
Eu tenho que morar na rua
Me conformar com a rua