Banheiro azul

Também sangro

Banheiro azul
Você sempre tão sensível,
Você sempre 'o perdedor'
Com seu medo do invisível,
Com suas invenções de dor
Nem sua vida diminuta
Admite a brecha, o vão
Entre a falta de escuta
E sua alma de bufão

O descaso como dom
Nessa forma de existir
Se derrete pelo som
E se espalha por aí
E, se falo nesse tom,
Não é que te queira mal
Nem porque eu seja bom
Numa espécie imoral

Também sangro em minhas mãos,
Também morro de pensar
Que meus olhos estão sãos
Construindo esse lugar
A palavra como pó
Se espalha na tensão
Do homem que vive só
No discurso da razão

E o tempo, como um nó,
Se embaralha pelo ar
Como o que eu sei de cor
E é impossível de cantar
Também sangro em minhas mãos,
Também morro de pensar
Construindo esse lugar
Quando tudo me diz não

Encontrou algum erro na letra? Por favor envie uma correção clicando aqui!