Samba de primeira

A quem lhe mandou
Manda a ele avisar
Não levar na brincadeira
Não deixar baixar poeira
Não chegar a quarta-feira
Deixa a festa continuar

Por quê?

Ela não achou companhia ao luar
E caiu na bebedeira
Levou tombo, deu bobeira
Fez mandinga, ó feiticeira
Ao ver o dia clarear

A quem lhe mandou
Manda a ela avisar
Não levar na brincadeira
Não deixar baixar poeira
Não chegar a quarta-feira
Deixa a festa continuar

Por quê?

Ele não achou companhia ao luar
Foi jogo de capoeira
Deu aú, levou rasteira
Fez um samba de primeira
Que agora eu vou tocar

A cidade parou
A menina chorou
O céu escureceu
O clube apagou
A ruela, lavou
Quando a chuva correu
O bêbado, eterno mestre-sala
Da praça filmou toda desgraça
A tristeza chegou e velou alegria
O peito estremeceu
E o poeta sentiu uma dor de angina
Que quase morreu
A negra ao pé da catedral
Pediu a Deus: não me leve o carnaval

E o sambista gritou ao Brasil:
Minha sina
Te ver sorrir feliz
Na cadência de um samba sem fim
Ver o seu carnaval de fevereiro
Se tornar realidade o ano inteiro