Zé de maria
Bédi figueiredoMorava em um quartinho apertadinho, humildezinho, simples e acordava às 03:00h da manhã pra trabalhar na construção civil, aqui mesmo em São Paulo.
Seu amor era ao grande por Maria e o dela por ele que as pessoas que o conheciam só o chamavam de Zé... Zé de Maria.
Essa é a história de Zé de Maria.
Vamo Zé se alevanta pra ocê não se atrasar.
Leve a manta que tá frio, para frio ocê não passar.
Dê um beijo nas crianças, não deixe de me beijar.
Reze uma Ave Maria pro tijolo não pesar.
Oh, Maria vou-me indo, pensando logo em voltar
Põe uma roupa bem curtinha pra quando eu vortar.
Vou brincar com as crianças pra logo elas cançar,
Para cedo elas dormi e a gente se apertar.
Eta, Zé mas que bestagem, ocê quer me aprontar.
Vou ajeitar um mingalzinho para quando ocê vortar.
Pra ocê ficar fortinho e a gente namorar, não pode fazer barulho pras crianças não acordar.
Rua escura, manhã fria, uma venta que arrepia.
No bolso a condução, condução que não vinha.
Comidinha na latinha, numa sacola de linha.
Uma rua tão vazia, onde alguém aparecia.
Um cachimbo na mão e dois olhos que ardia.
Uma faca em meu peito e um sujeito que dizia:
O dinheiro ou sua vida, para a loucura do dia.
Em Maria eu pensava e nas crianças que dormia.
Seu moço o que CE quer ta no bolso do roupão.
Não é muito é o que tenho, dinheiro da condução.
Condução que aparecia quando o sujeito corria.
De repente um barulhão, era um corpo que caia.
A condução parou, para ver todos descia,
E então alguém gritava:"é o Zé... Zé de Maria!"
Vai chamar essa mulher, mulher que logo aparecia.
Olhando o corpo no chão, ela não se convencia.
Olhando o corpo no chão, de joelhos ela dizia:
"Vamu, Zé deixe de bestagem, se alevanta desse chão.
Ô Zé vai pegar friagem, vê se fecha esse roupão.
Ô Zé vou cuidar d'ocê, me estenda a sua mão.
Ô Zé vamu pra casa e vorta lá pro sertão.
Ô Zé vamu pra casa, vê se me dê atenção.
Oh, Deus eu peço ao senhor, leve o Zé com tuas mãos.
E pra aquele homem mal, dê a ele um coração.
Oh, Deus eu peço ao senhor, leve o Zé com tuas mãos.
E pra aquele bicho cão, dê a ele um coração."