Nós da fome
Bero vidalSuas costas sangrando
Seu passado apagado
E seu discurso ofegando
E ainda riem de nós
Tudo é um monte de nós
Sim, caravelas ao vento
Biodiesel, quimera
Mundo em aquecimento
Sem água na panela
E o que pensam de nós?
"São fantoches sem voz"
Entrelaçam os nós
Pra tapar nossa voz
E o mundo estranho pede
Mentira ianque fede
Dor
Dor sulamericala
Só me deixe em paz
Bastam os ancestrais
Seu irmão falido
Já não é querido
Eu sei da dor sutil do Brasil
Trocam frutas nativas por maçã, uva e pera
E migalhas pra nós pra calar nossa voz
E empurram a voz pro intestino algoz
Seu irmão falido
Seu irmão querido
Tão catequisado
Pátrio, puro e amado
Veja a constância do erro
Sua casa é uma aterro
Sua água tapada
Seu esgoto é um estrada
E o que pensam de nós?
E o que riem de nós?
Tudo é um monte de nós
Dão bananas pra nós
Que futuro há pra nós, se há um monte de nós?
(Seu passado fede e o intestino pede)
Se há o sermão falido
Do irmão querido
Puritano e lindo
Aonde é que estamos indo?