Biguá

Olho de vidro

Biguá
Soldados armados em grande batalha
Cobriam de sangue a terra alemã

Ali onde a morte era trunfo e vitória
Raiava mais uma sangrenta manhã

Seguiam as buscas ao grande inimigo
Soldados formados por um batalhão
E quando invadiam as velhas ruínas
Saia um menino com as mãos para cima
Pedindo clemência e chamando atenção

Senhores soldados eu peço clemência
Me poupem a vida em nome de Deus

Eu sou uma vida que esta começando
Talvez sou ainda um filho dos seus

Meus pais e parentes
Também já morreram
Não há mais ninguém que me possa valer
Eu não tenho culpa se houve essa guerra
Nem que seja contra as leis dessa terra
Pelo amor de Deus me deixe viver

E quando os soldados já estavam na mira
Ouviram a voz do senhor capitão

Vou dar-lhe um teste uma chance de vida
Somente por sorte terá salvação

Não sabes que eu tenho um olho de vidro
Herança que a guerra também me deixou
Será o esquerdo ou será o direito
Pois este transplante foi quase perfeito
Que há mais de dez anos ninguém reparou

O pobre menino olhando assustado
Fitando o olhar do senhor capitão

Em meio ao seu pranto falou a sorrir
Nem mesmo a ciência, engana o cristão...

Vou dar-lhe a resposta com toda certeza
Entrego-lhe a vida se acaso eu errar
Seu olho direito é o de verdade
Que mostra um pouco de amor e piedade
Que o olho de vidro não pode mostrar.

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