Dois pássaros
Bruno guerraUma represa de vontades
Que descem por dois caminhos
Confesso que um deles
Aperta contra o peito
Confesso que o outro
Espraia pelo mundo
Como um vento rarefeito
Eu confesso que tenho entre meus braços
O cansaço dos meus planos
A incerteza dos meus passos
Confesso que eu tenho em mim
Confesso que eu tenho em mim
Dois pássaros aprisionados
Que sonham com dois caminhos
Confesso que um deles
Voa alto e sem sentido
E o outro, mais contido,
Dá rasantes pelo mundo
Como um Ícaro perdido
Eu confesso que tenho entre meus braços
O cansaço dos meus planos
A incerteza dos meus passos
Confesso que eu tenho em mim
Dois pássaros
Eu confesso que meus pássaros
São, no fundo, coisa só
Que ao ruflar de suas asas
Destelha minhas casas
Transformando tempo em pó
Eu confesso que tenho entre meus braços
O cansaço dos meus planos
A incerteza dos meus passos
Confesso que eu tenho em mim