N'ele esperarei
Carlinhos veigaAnunciando ao sertão o nascer do sol.
A natureza explode viva em alegria,
Celebrando a vida que se renova no novo dia.
Nessa festança eu pulo cedo do meu jirau,
Reúno as minhas duas reses no curral,
Apeio uma ordenho outra de cada vez,
Com gratidão ao Deus da vida que me fez!
Sem cerimônia volto pro meu rancho de sapê
Minha mulher já me espera com o café.
Beijo os filhos, ajeito a bóia na matula,
Troco a camisa, acocho a cela da minha mula.
Vou pra cidade pra ver se agora consigo um jeito,
De atalhar esta conversa com o prefeito.
As coisas andam destrambelhadas pro nosso lado,
Ainda na semana gastei o último trocado.
O sol se esconde anunciando o fim da tarde,
Eu estou de volta depois de um dia na cidade.
Mais uma vez não me receberam pra conversar,
Me disseram que "os homens" viajaram pra capital.
Nesse desatino a canção esgota, o peito aperta,
Os olhos molham esta estrada que é tão deserta.
Peço a Deus que não me deixe andar sozinho,
Sua companhia traz esperança pro caminho.
Enquanto sigo penso naquilo que me espera,
A mulher e os filhos estão orando na tapera.
A confiança em Deus sempre nos sustentou,
E é nessa força, em Jesus Cristo que eu sempre vou!
Mesmo que falte a doce fruta no pomar, ou se a malhada no curral já me faltar,
Ainda assim no Meu Senhor me alegrarei,
E ao Deus Soberano, minha força, exultarei!
Pois não é o homem quem assegura minha alegria,
Não é o dinheiro, conhecimento ou mesmo a lida,
O meu caminho eu entreguei nas mãos do Rei,
Já não me abalo somente Nele esperarei!