José e estela
Cássio guimarãesDizem que ninguém lembra dela
Dizem que seu nome é Estela
E que ela sempre esteve ali
Dizem que o que dizem é mentira
Que ela é “desgarra” desvalida!
Mas o que se sabe
É que dia e noite ela vive ali
Sozinha, esperando um amor na beira do cais
Com seus olhos no mar e sua roupa florida
Relembrando amores de tempos atrás
Mas o tempo gira, o mundo sopra e o vento traz
Esse homem que deu seu amor a Estela
No instante em que a encontrou
Chorou
Pôs sua mão sobre a dela e a abraçou
Com um sorriso de quem sempre a conhecesse
E com um jeito de quem vai pra sempre amar
O seu nome é José
E agora José, para onde?
Pra onde Estela gostar
“Na onde” Estela “tiver”
Aonde ela mandar
Pra onde ela quiser
Pois é!
Mas José de madrugada acordou tão só
Sem a sua nave estelar e
Sem a sua amada Estela
Sentiu uma dor no seu corpo
E uma outra no peito, maior
Do seu coração
Ao ouvir os gritos da cidade
Raptaram Estela
Fecharam na cela
Trocaram a tramela
E contaram pra ela
Que esse amor dela
Não deve durar (quem foi?)
Foi alguém mais forte que você
Foi alguém mais forte do que eu
Foi alguém mais forte do que Deus
Uma nova sorte, uma nova morte
Um alguém mais forte do que eu
Um alguém mais forte que você
Um alguém mais forte do que a morte
Uma nova sorte, um novo Deus
Mas onde Estela restar
Enquanto Estela puder
Vai ter José pra buscar
“Da onde” ela “tiver”
E José, já todo ensanguentado
Vai lutar pelo amor maltratado
Amarrado aos trilhos do cais
Mas José não desiste jamais
Defende, José, sem arma, sua Estela querida
Por Estela tinge a cara de uma nova ferida
Estelita, José! Não deixe de lutar!
Porque teu golpe não fere, mas tua fé te faz ressuscitar!
Estelita, José! Não te deixa calar!
Você é mil, você é cem, você é ninguém e eu sou você também!