A passagem do menino
Cavaleiros marginais
O menino quando a corda
Que segura a noite solta
Abre os olhos com preguiça
Bota a roupa de viver
Que segura a noite solta
Abre os olhos com preguiça
Bota a roupa de viver
O menino sai à rua
E vê Ana que rebola
Não demora vão subir
Seus calores de guri
Mas é cedo, corre março
Traz no vento um embaraço
Pro menino que, coitado
Contrariado, vai estudar
A professora fala e ele
Com a cabeça diz que sim
Não escuta, entretanto:
A nota cai no boletim
O menino quando maio
Toma a vez no calendário
Já não é mais bom de bola
Chora às vezes sem saber
Acontece então num dia
Quando o peito não suporta
E transborda de agonia
O menino cai em si
Cai doente de repente
Peito, mente, tudo clama
É uma febre alucinante
É um corte que lhe inflama
E agora, como faz
Pra que o tempo volte atrás?
Qual relógio? Qual borracha
Que apaga? Não dá mais
O menino na verdade
Faz um tempo foi embora
Se perdeu naquela aurora
Que outrora o acordou
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