Décima da mula fumaça
César oliveira, lúcio yanel e rogério villagranque a minha estampa define
sou Laélio Bianchini
e aqui no mais me desato
pra fazer o relato
de uma façanha machaça
porque a sorte andava escassa
que foi naquela segunda
que tive que dá uma tunda
na minha mula fumaça
Vinha no mais ao passito
pensando e mirando lejo
quando senti de reflejo
que tinha algo esquisito
as vez nem eu acredito
e chego a ficar pensando
porque eu não tava esperando
pois foi no cambiar do jogo
que a fumaça prendeu fogo
e virou brasa corcoveando
Já na primeira gambeta
por pouco que não me esfola
caiu sentada na cola
se esquivando das roseta
oiga-le mula sotreta
qua se arrasta e não se achica
chegava a ficar nanica
num chamarreio estendido
sem saber que fui parido
lá pela Coxilha Rica
Seria o destino ingrato
quando ajouja um açoite
ao xucro qua passa a noite
fazendo corpo de gato
nas venta um cheiro de extrato
na alma um resto de fula
tormento pra quem calcula
o peso que vem nos taco
balanceando no sovaco
cada corcóveo da mula
Arrinconado na encilha
aonde nunca me arroio
só livro a toca dos óio
e o resto tudo é virilha
no socado eu sou forquilha
quando atropelo as esporas
riscando paleta a fora
no velho estilo campeiro
que eu venho lá do barreiro
e miséria não me apavora
De repente a mal costeada
na volta de um sarandeio
quase que se parte ao meio
numa baguala bolcada
sai livre da malvada
e pra lhe encurtar a prosa
depois desta baita grosa
ainda me dói a carcaça
mas na minha mula fumaça
não hay cismas de baldosa