Lume da canção
Claudio zebarsyEu vou lá pro meio da feira!
Ver embolada, desafio de repente,
Medicina de baiano, luta de capoeira,
Ô zé, eu vou bem ai!
Não faça tamanha besteira!
Eu volto logo, meu amor lhe peço tento,
Vou cumprir meu regimento, com sinhá rezadeira!
Ô zé, acabou-se a farinha,
O fiado, o jabá também,
Não gaste dinheiro com pinga,
Por que isso é coisa que tu não tem!
Muié, deixe de entriga,
De tanto arvoro, desse xenhenhém!
Só quero andar pela feira,
Aprender a sabença que o meu povo tem!
Ô zé, me dá logo a parte
Que me cabe desse tostão,
Tú és homem andarilho,
E nem te importas com meu coração,
Só vives jogado no samba,
É xote, xaxado e baião,
Até já falei com o juiz,
Pra ele desafazer essa nossa união...
Meu bem, não se avexe não,
Você é a minha prenda,
Não lhe troco por nada no mundo,
Só quero andar pela feira,
Matar a saudade desse meu sertão,
Não queira-me numa gaiola,
Sou pássaro livre, "lume da canção"...
Tem um ceguinho na calçada da igreja,
Demostrando sua arte, dedilhando um violão,
Naquele banco seu tibúrcio com malícia,
Pra vender o seu tempero que dá gosto ao feijão...
Pendite falso com a cara de coitado,
Tá ganhando seu trocado,
Enchendo o saco de pão...
Moça bonita, tem até madame rica,
Desfilando com seu carro no meio da multidão...
Tem pra mim, tem pra tú,
Aqui na feira de caruaru,
Tem pra mim, tem pra tú
Na feira de caruaru...