Mucama
Coisas que o tempo levou
Mostraram-me um dia na roça dançando
Mestiça formosa de olhar azougado
Com um lenço de cores nos seios cruzado
Nos lobos da orelha pingentes de prata
Que viva a mulata, por ella o feitor
Diziam que andava perdido de amor
Mestiça formosa de olhar azougado
Com um lenço de cores nos seios cruzado
Nos lobos da orelha pingentes de prata
Que viva a mulata, por ella o feitor
Diziam que andava perdido de amor
De em torno dez léguas da vasta fazenda
Ao vê-la corriam gentis amadores
E aos ditos galantes de finos amores
Abrindo seus lábios de viva escarlata
Sorria a mulata, por quem o feitor
Nutria chimeras e sonhos de amor
Um pobre mascate, que em noites de Lua
Cantava modinhas, lundus magoados
Amando a faceira dos olhos rasgados
Ousou confessar-lhe com voz timorata
Amaste-o, mulata, o triste feitor
Chorava na sombra perdido de amor
Um dia encontraram na escura senzala
O catre da bella mucama vazio
Embalde recortam pirogas o rio
Embalde procuram no escuro da matta
Fugira a mulata, por quem o feitor
Se foi definhando perdido de amor
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