Conto de miséria

Estou perto de tudo
Estou perto de nada
Querendo de tudo
Em um conto de fadas

Saindo de casa
Buscando respostas
Voltando pra casa
Com dores na costas

Na verdade eu só quero é que a vida não passe batido
Se eu falo, se eu canto, se eu grito, é pra quem tem ouvidos
Todo tédio do mundo está nos versos não lidos

Será?
Que ainda tem respostas pra dar
Se um dia alguém quiser perguntar
Será que vamos ter que esperar
Pra saber onde podemos chegar

Eu ando sem sair do lugar
Procuro sem saber o que achar
Ainda me permito sonhar
Enquanto deixo esfriar o jantar

Eu li sobre isso, eu sei sobre aquilo
Mas nunca consigo ter sono tranquilo
Voltando pra casa buscando sossego
Minha vida não é nada mais que um emprego

As medalhas de meritocrata me doem o pescoço
Já não sei mais dizer se sou feito só de carne e osso
Abram alas porque dessa vez eu vou ser curto e grosso

Meu deus, será
Que ainda tem respostas pra dar
Se um dia alguém quiser perguntar
Será que vamos ter que esperar
Pra saber onde podemos chegar

Será que o que eu temo é prisão
Se um dia eu recusar promoção
Guiado pela luz da razão
Só não quero me deixar cair
Nesse conto de miséria