Crespo

Terra em transe

Crespo
Existo pra isso, pra isso que eu existo
É carma se for budista, é cruz se for Jesus Cristo
Resisto e resistir é a única alternativa
Pensamento não para, mas me falta saliva
Esquiva da rotina que mata a cada segundo
Calada no subemprego, perdida no submundo
Quem tem um olho é louco em terra de cego rei
Se não perguntar, não falo, se falar, digo não sei
O que sei é muito pouco, o pouco que me foi dado
Milhões pelo mundo a fora em moedas de um centavo
Escravo do meu ofício, liberto em cada refrão
Fiz do meu trabalho vida, da minha vida profissão
Só aconteceu o que tinha que acontecer
Gritar onde ninguém ouve escrever onde ninguém lê
Dar murro em ponta de faca, até a mão arrebentar
O peão é sempre aquele que não pode recuar

Falar é prata, calar é ouro
E meu tesouro
Escuta aí

Melhor pra mim é fazer, sempre por nós o melhor
E não dar ponto pra aquele que não dá ponto sem nó
Calculista tá na guerra sem entender o menor motivo
Guerreiro de verdade se desarma com um sorriso
A hora chega o ritual tem que ser respeitado
O palco é um templo e no momento eu piso em solo sagrado
Às vezes falo sem pensar, mas nunca falo sem sentir
Entre em transe, fico cego e deixo o surdo conduzir
Cê entendeu, mesmo fingindo que não
Quando a mente se liberta o corpo segue a pulsação
Beat me guia e seriamente eu brinco igual criança
Com prudência porque é audaciosa a contradança
Venceremos em cada conversa sem compromisso
Leveza, habilidade, vontade e sacrifício
Se prepara que o momento agora é derradeiro
Jurar em falso é pecado, cê jura que é verdadeiro
Eu peco por amor, assim agrado a Deus
O que será dos meus no fim dessa caminhada
Não posso mais errar, já sofremos demais
Trago marcas do passado, da guerra eu trago a paz

Falar é prata, calar é ouro
E meu tesouro
Escuta aí

O silêncio grita, a pupila dilata, o corpo transpira
O medo se candidata e me acompanha
Mas nunca conseguiu me derrubar
Fugir dele é besteira, mais fácil saber lidar
As luzes me confundem, seguimos por instinto
Destreza de um felino, vontade de um cão faminto
Paciência de Jó, certeza da vitória
Peso nas palavras, na mente orgulho e glória
A casa era um casebre olha, o castelo que virou
Tá no sonho do louco na boca do falador
A casa era um casebre, olha o castelo que virou
Tá no sonho da menina, na boca do falador

Encontrou algum erro na letra? Por favor envie uma correção clicando aqui!