Onde se vale o que se tem

Ouvir um tiro o pesadelo logo veio a mente
Só quem é daqui sabe o que falo e me entende.
Paisagens belas não preenchem o dia a dia
E cabuloso muleque viver na periferia.
Me deram ideia que existe um mundo bonito
Fiquei naquela bandido, será que acredito nisso.
Um raciocino feminino armado pra guerra
Não vivo de ilusões, nem de filmes e novelas.
De rolé na quebrada eu vejo um movimento
Mais um muleque estirado ao molho rubro... Vai vendo!
E o que acontece com o povo brasileiro
Dorme pra sonhos e acorda no pesadelo.
Em um telefone pra Deus de joelhos no chão
O homem chora pedi ao pai proteção,
E que o guarde que o espaço e pequeno
Para ele com vários detentos... Lamentos
O mundo e cruel, insano e rebelde entre a cruz
E a espada vejo a faca que fere,
Sobreviventes do medo vivendo no desespero
Favela pedi paz escute o nosso apelo.
Eu sou de onde não se confia em ninguém,
Onde se vale o que se tem.
Eu sou de onde Deus reflete na nota de cem,
Difícil e pratica o bem.
Ouvir um tiro e o pesadelo apenas continua,
O cheiro de enxofre e constantes nas ruas.
Porque isso meu Deus? Porque a violência,
Ser humano contra ser humano coração de pedra decadência.
Foi decretado a falência, a paz foi enterrada e não tiveram clemencia.
No seu enterro eu vi a morte e a miséria sorrindo
E a esperança chorando como se fosse um menino.
Sentir na pele também eu que o diga
Perdi meu irmão na guerra da periferia.
Levei rasteiras da vida pra aprender
Quem desandou caiu o mesmo não pude dizer.
Vou aplaudir quem conseguiu mudar de vida
Vou aplaudir minha mãe, meu tudo minha alegria.
Que me deu forças pra continuar assim, sempre determinada eu corro atras do que eu quero até o fim.
Se a vida e louka eu vou viver loucuras, vestir a camisa de força e vou parti pra luta.
Quero um futuro melhor, ver meu filho sorrindo.
Somente a Deus eu faço esse pedido.
Eu sou de onde não se confia em ninguém,
Onde se vale o que se tem.
Eu sou de onde Deus reflete na nota de cem,
Difícil e pratica o bem.