Madrugada de alfama
Cristina nóbrega
Mora num beco de Alfama
E chamam-lhe a madrugada
Mas ela, de tão estouvada
Nem sabe como se chama
E chamam-lhe a madrugada
Mas ela, de tão estouvada
Nem sabe como se chama
Mora numa água-furtada
Que é a mais alta de Alfama
E que o Sol primeiro inflama
Quando acorda à madrugada
Mora numa água-furtada
Que é a mais alta de Alfama
Nem mesmo na Madragoa
Ninguém compete com ela
Que do alto da janela
Tão cedo beija Lisboa
E a sua colcha amarela
Faz inveja à Madragoa
Madragoa não perdoa
Que madruguem mais do que ela
E a sua colcha amarela
Faz inveja à Madragoa
Mora num beco de Alfama
E chamam-lhe a madrugada
São mastros de luz doirada
Os ferros da sua cama
E a sua colcha amarela
A brilhar sobre Lisboa
É como a estatua de proa
Que anuncia a caravela
A sua colcha amarela
A brilhar sobre Lisboa
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