Daniel getup

Esperança

Daniel getup
Na fila do hospital para poder ser atendido
Prioridade casual
A mãe está tendo um filho
Sequencia sentida, de contrações
Estágio final, com as devidas dilatações!

Senhora enfermeira, me chame o doutor!
É o apelo do pai, clamando pelo amor
De Deus
Senhor: Preencha a ficha
Que uma hora chega sua vez
Olha o tamanho da fila!
Mas senhora sim meu caso é urgente!
Senhor o hospital têm excesso de contingente!

Revolta, descaso, sem saber o proceder
Para o filho nascer, o pai quase enlouquecer!
Ao olhar para o lado, despertou consciência
Seu caso era grave, mas manteve a prudência

Prudência, indignação, o que ele teria
Vendo nascer seu filho, sob olhos vigias!
Não do médico, mas sim dos que ali estavam
Tristes sem saber o porquê que esperavam!

Dizer que a saúde é prioridade no governo
Por favor, srº Secretário
Não comenta esse erro!

Na fila do hospital pelo parto normal
Nasceu a esperança no descaso social
Os governantes podem sim: Algo fazer
Honrem seus discursos, podia ser você!

Lembrei de algo, privilegio de poucos
Saúde privada, enquanto outros, tipo porco
Porco alimentado só para engordar
Os cofres públicos ainda, temos que inflar
Mas o pai em desespero, sem saber o que fazer

Chamou o maqueiro para poder interceder
E tirar sua mulher da fila da indigência
Um filho prematuro nascido da imprudência
Da demência, do descaso social
Novamente ao poder publico: Cadê sua moral?

Na fila do hospital pelo parto normal
Nasceu a esperança no descaso social
Os governantes podem sim: Algo fazer
Honrem seus discursos, podia ser você!

Acidente de moto quebrou a clavícula
Se fosse o fêmur, prioridade na lista
Um idoso passou mal, com crise de pressão
Foi baixa?
Vai para o fim, pois não é hipertensão!

E a velhinha com trombose
Totalmente agonizando
Não é arterial, venosa vai esperando!
Um garoto jogando bola torceu o pé
Isso nem pensar, vai passando já é!

Ligou a sirene lá no saguão
Não era ambulância, é a policia meu irmão!
Um detento comprou briga lá na cela
Outro esfaqueou com uma faca cega!
Cego é o país e os nossos dirigentes
Inventando várias leis
Mas o povo excludente!
Depender da saúde, a população brasileira
É melhor o pai ter fé
E apelar para rezadeira!
Depois de tudo isso foi escolhida
E dada à ficha
Mas nasceu nos corredores
Com plateia otimista
Porque o nome dado àquela criança
Em meio a todo o caos, se chamou esperança!

Na fila do hospital pelo parto normal
Nasceu a esperança no descaso social
Os governantes podem sim: Algo fazer
Honrem seus discursos, podia ser você!

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