Mané e iracema
Dantas e cleberO sol desponta na serra, a luz sobre a terra vai formando um manto.
A lida começa cedo, um povo sem medo, cheio de esperança.
Que tinha vida no semblante e a cada instante, tanta confiança.
Até que o sol queimou no coração.
Mané, menino, sentiu a paixão
Por iracema, menina e flor,
Que também a ele prometeu amor.
Os dois jovens namorados, rostos colados na força do beijo.
Paixão maior que o mundo, um amor profundo, amor sertanejo.
Ela, filha de tonico, prima de chico que dela gostava.
Mané, irmão de aninha, o pai não tinha, com a mãe morava.
Os dois amantes tinham tanto medo
De que alguém soubesse do segredo.
Trocaram juras de nada contar
A ninguém que um dia iriam se casar.
O tempo passava ligeiro, a razão do medo se concretizava.
Um dia perto da palhoça, de trás da carroça alguém expiava.
Tonico trazia no peito tanto preconceito e não aceitava.
Era o fim de um amor, tudo terminou e mal começava.
Caiu a noite sobre aquela terra.
Era sinal pra começar a guerra
De um pai covarde, tirano e cretino
Contra o amor e a vida de um menino.
Enquanto a lua brilhava, a dor se espalhava formando outro manto.
A morte na ponta da faca, mané não escapa, seus olhos em pranto.
Naquela mesma madrugada iracema tirava sua própria vida,
Da boca do pai covarde só uma verdade, vingança perdida.
Dizem que o galo que antes cantava
Com alegria, triste se calava.
E aquele amor que foi bonito e rico
Teve o seu fim pelos olhos de chico.