O dia zero
Decreto finalJogo na barriga um pão com leite gelado
Eu caminho pra parada pra pegar o ônibus
Eu só vejo prostitutas e maconheiros "sem vergonhos"
Subo no "trampa" correndo perigo
Pendurado na porta a cada curva é um risco
Consigo chegar ao destino esperado
Ao atravessar a rua quase sou atropelado
- Filha da puta sai da frente que é você quem está errado
- Filha da puta é você
Depois de quase atropelado continuei em frente
Vi mais adiante uma "multidão de gente"
Eu perguntei o que era. Era mais um acidente
Nessa cidade violenta, cheio de crime e de gente incompetente
Naquele tumulto ninguém percebeu
Mas um cara armado levou tudo que era meu
Saí dali sem uma ruela no bolso
Desapontado, furioso fui fazer o meu esforço
Na porta do trabalho meu patrão gritou
- Ta atrasado!
Eu respondi
- Desculpa aí doutor. Fui assaltado.
- Não tem desculpa não. Vou descontar do seu salário.
- Doutor não faça isso, meu salário já é pouco
Estou num grande sufoco, muita conta pra pagar
Ainda tenho três bocas para alimentar
- Que nada. Eu não to nem aí
Você está fora da empresa, procure outro canto pra ir
Saí da empresa desesperado
Sem nada na mão, sem nenhum trocado
Essa é a vida de um pobre brasileiro
Sou mais um desempregado