Diabo na cruz

Fronteira

Diabo na cruz
As flores pelo chão
Pisadas desde o baile
O vento frio
Só mulheres de xaile
Tudo me contaram
Quando eu dei aos ares de espanha
Uns desceram para sul
Eu fiquei a ver idanha

Ai de mim, não faço nem ideia
Prometi partir na lua cheia
Páro pra um bagaço na estação
Nos olhos de um beirão
Vejo a fera da fronteira

Ir pra angola
Pode mesmo ser a salvação
Ou são paulo
Receber calor de um povo irmão
Ir abastecer-me onde há quem dance

Promessas de verão
Os marinhões as quebram
Praia fora vão
Se águas-más lhes pegam
Não posso mais esperar
Que a terra se alevante
“Ser firme a procurar”
Quero ir para diante

Ai de mim se tudo é ao contrário
Tenho de ir cumprir nosso fadário
Acabo de engolir num repelão
Pergunta o bom beirão
Se isto era necessário

Ir embora pode mesmo ser a solução
Ver trabalho, brio, recompensa pela aflição
Mas se isto não mudar eu não descanso…

E se eu for
Quem te espera mariana
Vais dormir nas guardas quentes de que cama
Se eu for
Quem vê paz na tua estampa
Pra onde irás se eu só voltar pra pôr cá a minha campa

Ai de mim não faço nem ideia
Prometi partir na lua cheia
Páro pra um bagaço na estação
Nos olhos de um beirão
Vejo a fera da fronteira

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