Diamantina

O que sobrou da mouraria

Diamantina
Eu nasci na Mouraria
Num prédio que resistia
Ao progresso que o venceu
Um dia, tanto gingou
Por fim, não se aguentou
E de saudades morreu

Pequeno prédio gingão
Donde via a procissão
Espalhar fé, pelo caminho
E toda a gente sentia
Que as ruas da Mouraria
Cheiravam a rosmaninho

Naquela casinha morou a Severa no tempo passado
E o alegrete, fidalgo que era vizinho do fado
Mas em cada esquina um resto de outrora, a vida deixou
E na capelinha mora uma senhora que não se mudou

Eram ruas estreitinhas
Grinaldas e janelinhas
Á beirinha do telhado
E a tal Rua dos Canos
Era a Rua dos Enganos
Morava ali o pecado

Quando abria o vinho novo
Esse champanhe do povo
Que barulho e alegria
Havia ramos de louro
A anunciar o tesouro
P'las tascas da Mouraria

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