Sr. presidente
DillazTenho reparado que a vida 'pra si é diferente
Por ai a vida muda, vê-se plenamente
Aqui no bairro nada muda, quem muda é a gente
Venha dar valor a vida a maioria que vive contrariado
Ver o que são seis cabeças apenas com um ordenado
Ver a inveja e a ganância, a confiança e o mau olhado
Ver que não tem futuro pelo que fez no passado
É complicado, também não encontro uma explicação
Ver um puto que tinha um parque, agora só brinca no chão
Olhe prós meus olhos, eu olho bem nos seus
Eu faço a pergunta, "acha que o meu bairro morreu?"
Investimento noutros sítios, porquê que a madorna não tem
Você conhece mal a zona, a polícia conhece bem
Não invista pro seu luxo, não gaste no que não convêm
Se o meu povo investe dez, vocês chegam e roubam cem
Sr.presidente, diga, explique-me o porquê
Porquê que não ajuda um idoso se ele trabalhou mais que você
Continue a por os olhos na cara da multidão
Que tem metade do ordenado mínimo, outra metade da solidão
Não dá para a luz, não dá para a água, pa comida nem pro gás
Quinze contos só de fraldas, quem é que alimenta o rapaz?
Rapariga vai crescendo e segue a tabuleta errada
O homem pensa que tem filha e afinal tem uma enteada
Nada muda, não dê de fuga nem descalce a luva
Muitos não morreram de cirrose, porque faltava uma uva
Lembre-se que não somos cães numa matilha
E nesta situação podia tar a sua filha
Mas a esperança é a unica coisa que faz remar contra maré
Porque a vida é uma injustiça, a vida é o que ela é
Não diga que acabou, não diga que é o fim
Porque eu nasci em 91 e Portugal não era assim
A pensar se guardo a guita, porque amanhã ela baza
Não ter uma cara feia cada vez que saio de casa
Acorde e volte á terra porque os problemas estão em brasa
Se prefere outros planetas, pense em trabalhar na NASA
Porque há quem pense em aproveitar a luz do dia
Pense no assunto, faça-me essa primazia
Sr.presidente, a gente precisa de harmonia
Venda o seu BM e mande para aqui alegria
Esta é a minha carta escrita, sr.presidente
Tenho reparado que a vida 'pra si é diferente
Por ai a vida muda, vê-se plenamente
Aqui no bairro nada muda, quem muda é a gente
Esta é a minha carta escrita, sr.presidente
Tenho reparado que a vida 'pra si é diferente
Por ai a vida muda, vê-se plenamente
Aqui no bairro nada muda, quem muda é a gente