A cachaça e o fumo
Dino franco e mouraíE o peito cheio de sarro
Antes de dormir ainda eu tomei mais uma pinga
E acendi mais um cigarro
A pinga desceu queimando, a fumaça foi entrando
E eu prestei bem atenção
Escutei quando a cachaça conversava
Com a fumaça pertinho do coração
A pinga com imponência contou sua procedência
Disse que era interiorana
Dizia pra sua amiga eu sou de família antiga
Minha mãe se chama cana
Eu nasci numa engenhoca e gosto desses bobocas
Que me beija toda hora
Mas quem comigo se ilude
Vai perder sua saúde e morrer antes da hora
Depois da dona cachaça quem falou foi a fumaça
E dizia sorridente: Eu sou filha do tabaco
O sujeito que eu ataco logo vai ficar doente
Sou amiga da bronquite, o cara que me admite
Vai ter um triste fadário
Mas se ele gosta de mim, pois então que seja assim
Ninguém manda ser otário
Depois que elas conversaram as duas se separaram
Trocando aperto de mão
A pinga subiu depressa
E a fumacinha perversa foi pra dentro do pulmão
Não sei se eu tava sonhando
Eu vi o mundo girando e comecei a tossir
Meio vivo e meio morto
Sentí tanto desconforto e não pude mais dormir
Aquele assunto sem graça do fumo com a cachaça
Estava me perturbando
Comecei ficar com medo, levantei cuspindo azedo
O dia estava clareando
Assim que me levantei no quarto me ajoelhei
Falei com Deus nosso pai
Jurei por nossa senhora e torno dizer agora
Não fumo e não bebo mais