A morte da bugrinha
Dino franco e mouraíEu deixei o meu estado
Na beira do Rio do Peixe
Quando cheguei do outro lado
A bugrada me prendeu
Num tronco fui amarrado
Noutro dia bem cedinho
Pra morrer fui condenado
Esperando a triste hora
Eu vi a tribo dançar
Uma bugrinha bonita
Começou me namorar
Fazendo o sinal com a mão
Ela veio me explicar
E arranjou uma canoa
Para poder me salvar
Vendo a bugrada entretido
Nesta hora me escapei
Com a bugrinha por diante
Na beira do rio cheguei
Fui dizer adeus pra ela
Mas coragem não achei
Carregando ela nos braços
Na canoa embarquei
Um bugre estava sondando
No alto de uma ramada
Quando ele viu a canoa
Atirou uma flechada
A bugrinha deu um gemido
E no rio caiu deitada
Deixando um rastro vermelho
Naquelas águas prateadas
Aquele rosto moreno
Disse adeus e afundou
A canoa foi descendo
Num pranto cheio de dor
Meu coração de caboclo
Deste peito se apartou
No fundo do Rio do Peixe
Com a bugrinha ele ficou
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)