Face oculta

A vida nos obriga muitas vezes
A tomar decisões
Nem sempre a mais certa, a correta
Então o que fazer?
Se o desespero impera nesta mente
Vários problemas na família
O pai deprimido, carente de auxílio
Pois estão enfrentando a pior fase
Da sua vida
A mulher, conseqüência do seu destino
Ela havia partido
Deixando para trás um cenário
De sofrimento e miséria
Um castigo aplicado aos seus filhos
Dois pequenos filhos
E uma filha que assistia a tudo agoniada
Muito apegada
À finada mãe
Agora encarregada
De ajudar o seu velho
Que não escondia seu sentimento
O desespero estampado no rosto
Perdido no tempo
Dia após dia
Olhar do retrato falado
Abandonado
Não teve condições financeiras
De manter a casa
Não trabalhava, não conseguia
Agora impedia
Este foi o motivo
Que levou a família a abandonar a casa
Iniciando uma jornada à procura de algo melhor
Foram para a cidade grande
Capital paulista
Na esperança de mudar o seu padrão de vida
Mas adivinhe só qual foi o resultado
Um viaduto, vários papelões
Estava pronto o abrigo
Que eu te garanto, será utilizado
Por muito tempo
Pois esta decisão é tomada todo dia
Tem multidões de imigrantes
Que se abrigam nos cantos escuros
Das grandes cidades
Para eles infelizmente
Não vai ser diferente
A vida é assim...
O tempo passa
E o preconceito sempre lhe acompanha
Infelizmente pra você a vida é assim

(Vejo seu passado
Sua história
História
Percebo que
Não está feliz)

A filha mais velha
Com treze anos apenas
Se achou na obrigação de interferir
Nestes problemas
Conseguiu emprego
Após uma longa procura
Conheceu pessoas novas
"Gente boa", ela comentava
E se orgulhava
De ter um trampo honesto, decente
Mas conseqüentemente, como sempre,
Alegria de pobre não dura para sempre
Era um bar diferente
De tudo aquilo que ela conhecera
Muitas mulheres, roupas curtas, ousadas
Muito bem maquiadas
Mas o que importa?
Ela precisa do dinheiro
É ingênua demais
Não relaciona os fatos
Com certeza ela pagará por seu erro no ato
Eu não quero ver o mal de ninguém
Mas esta é a lei: impiedosa
Te desejamos sorte, coragem, amém
Coragem, amém

(Vejo seu passado
Sua história
História
Percebo que
Não está feliz)

Seu horário era combinado
Das dezoito não passava
Ordem da casa
Mas na semana passada,
Sexta feira para ser mais correto,
O patrão lhe pediu que ficasse
Movimento dobrado
Algo estava errado
Estranhou o ambiente
Gente diferente
Homens mal-encarados, embriagados,
Abraçados com mulheres por todos os lados
Uma porta, um corredor
No qual nunca havia entrado
Devia ser bem trancado
E agora liberado
Muito movimento, gente entrando e saindo
Controlado por um homem desconhecido
Por trás dessa passagem
Tudo era natural
Prostitutas drogadas, armas,
Enfim, era ilegal
Um bar de fachada,
De noite é a bocada
E a jovem menina
Totalmente ludibriada
Tudo fora esclarecido
Mas ela não entendera, talvez,
Da forma correta
Esta já era!
Seu cargo mudou,
Dinheiro aumentou
Mulher de programa
A profissão que ela adotou
Induzida a uma vida perdida
Que nada lhe oferece
Mas acontece
Que ela não pensa assim
Cansada nos problemas, que já são tantos
Carente de uma palavra amiga
Que quando mais se precisa,
Infelizmente ausente em sua vida
Ausente em sua vida

(Vejo seu passado
Sua história
História
Percebo que
Não está feliz)