Alma cabocla
Eduardo diasEu piso esse chão com amor
Sei que minha sorte é a morte
Sou caboclo e não sei
O que é temor
Eu venci na selva gigante e hostil
O rio e o seu desafio
A matinta e o seu assoviu
Me ensinou a ser forte e viril
Das florestas eu sou o senhor
O meu grito de guerra é o trovão
Meu desejo meu sonho daqui
É ser ouvido por toda a nação
Meu desejo de terra é plantar
Minha gente invoca Tupã
Mas se o ouro quiserem levar
Tiro a flecha ou ergo o facão
Eu cresci onde cresceu tucuxi
Curupira irmão desse chão
Entre lendas navego sem medo
Só a morte tenho por lição
Das florestas eu sou o senhor
A minha vida é um constante lutar
Sou de fibra sou um vencedor
Não me rendo jamais ao invasor
Mas um filho do Norte que é forte
Também sabe dizer na canção
Muito mais que o sangue e o corte
É sonhar e viver com razão
Eu ouvi
O grito do Jurupari
Na febre o cansaço a dor
Lutei sem cessar e consegui
Hoje tenho certeza de mim
Mas eu sei que não vou demorar
Na floresta do além habitar
E pisando esse chão quero estar
Quando Deus resolver me chamar.
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