Meu pequeno território
Eli silva e zé goianoNas margens do rio tietê
Pequeno só no tamanho
Ideal pra se viver
Ali criei a família
Vi cada filho crescer
Confesso nunca pensei
No que veio acontecer
Por um preço irrisório
Meu pequeno território
Tive que um dia vender.
Certo dia um sujeito
Bateu palmas no terreiro
Eu saí para atender
Vi que era um mensageiro
Me perguntou se eu era
O patrão ou o caseiro
Respondi eu sou o dono
Mas tenho mais quatro herdeiros
Três filhos e a mulher
Mas enquanto Deus quiser
Eu serei sempre o primeiro.
Ele então me respondeu
Desculpe a minha franqueza
Eu vim trazer um recado
Que vai lhe causar tristeza
Suas terras estão marcadas
O senhor não tem defesa
Tirou da pasta um projeto
Me explicou com clareza
O senhor tem que mudar
O seu sítio vai ficar
Sobre as águas da represa.
Tive que mudar depressa
Não tive outra saída
Hoje moro na cidade
Mudou tudo em minha vida
A mulher não se conforma
Vive sempre aborrecida
Eu também não canto mais
Deixei a viola esquecida
É grande a minha agonia
Trabalho de boia fria
Pra defender a comida.
Em troca do sitiozinho
Me fizeram um pagamento
Que mal deu para eu comprar
Uma casa no relento
Moro na periferia
Ái me Deus que sofrimento
A vida boa que eu tinha
Não esqueço um só momento
É tão grande a minha mágoa
O meu sítio embaixo d’água
Não me sai do pensamento.