Evaldo pedro

Vida alheia

Evaldo pedro
O povo fala demais
Ficam até de cara feia
Se esquecem até do que faz
Falando da vida alheia

Quando não é no quintal
Corre pra porta da frente
Ao olhar quem é que passa
Depois fica achando graça
Relinchando os grandes dentes

Gente assim é como um touro
Pra o cão só falta o rabO
Só vive tirando o côro
No espelho só vê o diabo

No entanto eu sou um rapaz
Que não dá ouvidos a fofoca
Gente que fala demais
É igual a fucinho de porca

Quando vejo gente assim
Eu me benzo todo dia
Só em ela olhar pra mim
Rezo três ave maria

Vida alhei veio a mim
E entrando de porta a dentro
Sem eu nada perguntar
Começou a relinchar
Não parou nenhum momento

A vizinha do quintal dizendo:
-Eu não aguento!
Fingiu está passando mal
Com os ouvidos bem atentos

Eu sai pra minha calçada
Fui tocar meu violão
Daí a pouco vida alheia
Chegou com a cara feia
Falando do próprio irmão

Eu fiz o pelo sinal
Pai, filho e espírito santo
Derrepente vida alheia
Saiu com sua cara feia
Foi relinchar em outro canto

Tem vida alheia na esquina
Vida alheia na calçada
Vida alheia até na china
E outras de orelha inchada

Onde quer que você vá
Vida alheia ali está
Em lugar e hora errada

Eu estava conversando
Na porta de um mercantil
Vida alheia foi chegando
Fingindo que não me viu

Perguntou:
- De onde tu vem?
- Eu,venho lá da estação do trem
- De um show com Gilberto Gil

Vida alheia acreditou
E saiu falando atôa
Dizendo que eu fui a um show
Com mais de dez mil pessoas

Vinheram me perguntar
De um show com Bruno e Marrone
Não sabia o que falar
Não parava de tocar meu aparelho celular
E meu outro telefone

Foi então que eu liguei
Para o meu amigo artista ele me disse:
- Não sei.
- O último show que eu toquei
- Foi com amado batista

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