Doeu-me saber que
Evertone que todos os meus brinquedos um dia seriam esquecidos...
Doeu-me ter que encarar a vida como ela realmente tinha que ser...
Não mais fantasiar o meu mundo seria difícil demais...
Não me senti forte ao saber que precisava crescer...
Olhando meus pais, eu tentava me igualar,
mas a qualquer falha deles eu podia cair também,
descobri então que não podia copiar a ninguém,
e tentei então seguir sozinho...
Doeu-me, quando a vida se apresentou a mim com a face descoberta,
e a seco tive que engolir tudo o que ela me mostrou.
Não era tão linda como parecia nas minhas brincadeiras.
Até meus bonecos já não falavam de coisas boas,
nessa altura, eles me olhavam com outros olhos,
e já não me passava a vontade de abraça-los como costumava ser...
Doeu-me tomar o primeiro porre de injustiça,
e no cair e levantar dos dissabores, doeu mais
saber que ali estava nascendo um novo ser,
que agora não mais criança, estava proibido de brincar...
A vida pedia seriedade!
Dor terrível e marcante foi a primeira batalha,
a que travei dentro de mim para a descoberta do meu "eu"
a velha esperança,
os velhos sonhos,
o velho caminho,
não mais se via...
Passaram a fazer parte do passado,
da criança feliz, inocente e peralta,
que fez de tudo para não morrer,
e assim, a vida não a matou, apenas a adoeceu...
Por anos esta criança esteve doente,
e expulsando dores de tudo o que lhe fazia mal,
foi restabelecendo aos poucos,
e quando já em idade muito além do permitido,
de repente, sarou e pulou de dentro para fora
com a certeza que a vida ainda a deixaria brincar.
Hoje, criança madura, e certa do que sente e do que quer.
Criança responsável, feliz, quer apenas brincar,
ou viver na brincadeira de ser sério.
Hoje esta criança compreende todas as dores do mundo,
que a levou a ser tão forte,
agradece à Deus por tudo o que passou,
pois sabe que só assim pôde crescer...
Doeu, mas foi necessário,
Que esta criança que hoje vive, nunca deixe de brincar,
pois a doença do não ser criança, pode até nos matar...
"Mesmo que doa em você, não deixe de crescer,
mas não amadureça o seu coração,
apenas ele pode continuar a ser criança..."
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