Ano violento
Fábio de carvalhoDesde o mês de setembro
Carrega um fardo que não compreendo
Tudo parece uma introdução a um diálogo platônico
E se em algum momento eu saí da caverna
Foi numa festa no início de 2014
Saindo do cinema com uma garota
O meu ar era de melancolia
E o dela de expectativa, talvez
Tive a impressão que tinha decepcionado
O que é uma forma delicada de dizer
Que não tive coragem de beijar seus lábios
Me sentindo derrotado, tudo que eu conseguia pensar
Era na pressão que meus amigos haviam feito
E ainda iam fazer
Hoje eu tenho 18 anos
Mas tente explicar pra um menino de 16 anos
O quanto ele está errado
Tive que contar pra eles que eu falhei, eu falhei
E que aquela noite eu ia beber, ia beber
Pra me esquecer do ser humano ridículo que eu sou
Eu sei
Nós fomos para um festa e eu saí correndo
Perdi meu fôlego, maconha demais
Minha pressão estourando
Peguei na mão dos meus amigos e disse
Esse será meu meu fim
E ele será extremamente tragicômico
Eles riram de mim e disseram: Fábio, cê tá viajando cara
E viajando eu estava, mas Deus sabe
Que eu não estava brincando
Subitamente aquela sensação
Se tornou na coisa mais sublime
Que eu já havia experimentado
Conseguindo sentir tudo
Só que muito ampliado
Me aproveitei disso o máximo que pude
Mas dez minutos depois um acidente de trânsito
Acontece na rua e eu entro em pânico
As próximas duas horas
Tenho que escutar um homem gritando
Ao chegar em casa penso
Que belo começo para um ano
No outro dia nem consegui sair
Disse pros meus amigos
Que eu preferia ler Noam Chomsky