Expresso a paris
Fernando farinhaDe malas na mão
Destino Paris
Ou continuação
Lágrimas caindo
Lenços acenando
Um adeus à terra
Até não sei quando
Estremece o comboio
Começa a viagem
Um breve silêncio
Enche a carruagem
Só Deus sabe e entende
A causa importante
Do homem que parte
P'ra ser emigrante
O comboio apíta
Entra entra em velocidade
E quanto mais anda
Mais cresce a saudade
Perto da fronteira
Do país vizinho
Abrem-se cabazes
Há perfume e vinho
Depois do petisco
Fala-se da vida
Joga-se à sueca
E à bisca lambida
Já vai alta a noite
E o sôno sem vir
Quem pensa em futuro
Não pode dormir
Corpos contorsidos
Erguem-se de esperança
Está nascendo o sol
Já se vê a França
Às sete da tarde
Chegada a Paris
Adeus companheiro
Que sejas feliz
Assim se despedem
Lestos lá vão
Em busca da sorte
De malas na mão
Uns ficam ali
Outros mais além
Algum sem família
Outros, sem ninguém
Não há desventura
Mais triste e brutal
Que ser Português
Sem ter Portugal!
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