Fernando macário

Bercholina (a utopia)

Fernando macário
Rir do amanhã
Mandar cartas para mim mesmo
Me encorajar
E sair cantando garotas no shopping
Pegar o ônibus às seis
Só para te agradar
E seu olhar não morrer
Assim
Desiludida
Sua alma desgastada
Quase sem cor
Derrepente cria cores
Arco-íris de amor

Veste um coração
Desveste no fim da semana
E compra o pão, e calça os pés
E a pintura da casa descascada
Vai deixando o diário suave, suave, suave, amargo.

Fotos com o seu rosto enrugado
Veias alteradas de tanto trabalho
Eu preciso do seu abraço
Que sempre seca o meu pranto
Com palavras
Escalas intermináveis
Incansáveis, incansáveis, incansáveis

Te perco na rua
No meio da correria
Seus passos longos
Certos...
Rugas, veias, depressão:
Solitária nessa imensa multidão
Te perco na rua
No meio da correria
Seus passos longos
Certos...
Sinal vermelho
Criança armada
Gente desesperada
Aonde fica o descanso,
A coberta,
A utopia,
A utopia,
A utopia.

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