Último sopro
Fernando perillo
A velha vida à golpes de espada
Não vale essa vela acesa por nada
Nem vale o milagre do santo de casa
Que faz tempestade num copo de água
Nem vale a sombra no alto da escada
Que vela a vida aos olhos da lei
Não vale essa vela acesa por nada
Nem vale o milagre do santo de casa
Que faz tempestade num copo de água
Nem vale a sombra no alto da escada
Que vela a vida aos olhos da lei
A vela viva ativa a chama
Me chama à cama
Aviva a chaga
E acho que chega de fome de praga
E penso que passam a fama e a paga
Pois prensa por prensa
Prefiro a faca
Mas, pare de por reparos em mim
Eu não quero mais
Seu amor seus avais
Quero estar em paz
Como estou tanto faz
Andar
Percorrer a trilha do nada
A velha sina
Os sulcos na estada
A mesma resposta à porta de entrada
Mais vale a vala estreita e rasa
Mais vale a ave que voa sem asas
E minha mão já torta e cansada
Cavando trincheiras
Senhor, me valei
Valei-me rios correndo pros mares
Valei-me ébrios brilhando nos bares
Valei-me velhos brigando nos lares
Valei-me por tudo o quanto valeis
Eu não quero mais
Seu amor seus avais
Quero estar em paz
Como estou tanto faz
Andar
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