O operario das sepulturas

Ai coveiro onde esta "bastião"?
Vinte anos faz que foi-se embora
Onde finquei a cruz sei mais não
Diz como é que encontro ele agora?
Recorde até por compaixão
Aquela manhã de domingo
Voce viu ao trancar o portão
A mulher e três filhos seguindo
Coveiro mantenha na mão
Ajudando na minha procura,
Essa pá que é o teu ganha pão,
Operário das sepulturas.

Te deixar enterra-lo no chão
Não foi o maior dos pecados
Sonhar uma vida sem tião,
Tentar remontar os pedaços
Tal erro e minha ambição
Toda essa força morena
Voltei, me cansei de ilusão,
Sem tião tambem não vale a pena.

(refrão)

Vim juntar-me a tião na morada
Para onde ele um dia fugiu,
Na sacola eu não trago nada
E de nada de mim se serviu...
Vestida de rosas verão
Perfumada de margarida
Logo vou me juntar a tião,
Eu tambem vou fugir dessa vida.