O carteiro e o pablo neruda
Fernando tordoPor dentro da lembrança uma memória
Em volta da memória uma esperança
Que fez de ti o homem e a criança
Que lhe entregavas cartas e a história
O poeta deixou-te uma emoção
Que encontraste na casa abandonada
Que ficava no cimo da lição
Do mais alto de ti eis a questão:
Poesia eras tu. ele quase nada.
O poeta deixou-te uma ideia
De como ser feliz ser mais igual.
Não te mentiu. deu sangue à tua veia
Poesia contra a vida se fôr feia
- matraquilhos mas com bola de cristal.
O poeta deixou-te uma saudade
De redes tristes metáforas sinais
P´ra ele tu foste o selo da verdade
O poema impossível liberdade
Que tu sonhaste escrito p´los mortais.
O poeta deixou-te um sentimento
Que me liberta preso na cadeira
Deste cinema onde tu sobes tão lento
Na bicicleta contra tudo contra o tempo
Contra ti sem neruda nem bandeira.
Deixo-te nada. as coisas vivem mortas
Aos pés de um filme à soleira do amor.
No cinema caem lágrimas e cartas
Compro o bilhete para amanhã antes que partas:
Eu quero ouvir uma vez mais o gravador.
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